ALFABETIZAÇÃO X LETRAMENTO: QUAL A DIFERENÇA?

 

por Ellen Milde Felício de Loyola Melo


A confusão entre alfabetização e letramento é algo bastante comum em nosso meio social! O termo “alfabetização” foi, por muito tempo, associado à descrição geral da capacidade de ler e escrever. A ênfase inicial na instrução formal da leitura e escrita, historicamente, contribuiu para a suposição de que ser alfabetizado era suficiente para ser letrado. No entanto, a evolução do conceito de letramento destaca que enquanto a alfabetização se concentra nas habilidades básicas do código escrito, o letramento amplia essa perspectiva para incorporar o uso significativo da leitura e da escrita em contextos sociais variados.

Enquanto a alfabetização se concentra nas habilidades básicas de decodificação e codificação do sistema alfabético, o letramento amplia essa perspectiva para incorporar o uso significativo da leitura e da escrita em contextos sociais variados. Assim, um indivíduo pode ser considerado alfabetizado ao dominar o código escrito, mas só será plenamente letrado quando souber aplicar essas habilidades de forma crítica e funcional em diferentes situações da vida cotidiana. 

Para evitar a persistência dessa frequente confusão, segue abaixo um simples e objetivo quadro comparativo sobre as principais divergências entre esses conceitos:



Uma vez compreendido o significado e diferenças dos dois conceitos, podemos refletir sobre como essa diferença pode ser vista no cotidiano, sobretudo em sala de aula, a partir de duas tirinhas do cartunista argentino Quino: 


Em ambas as tirinhas, é possível notar a crítica acerca do ensino sem criticidade e sem função social. Na primeira, a professora está utilizando frases descontextualizadas para o processo de alfabetização; como dito por Mafalda, “minha mãe me ama” apenas evidencia que a mãe da professora é uma ótima mãe, mas qual seria a relevância disso para a formação social dos estudantes? Nenhuma! A tirinha se encerra com a garotinha cobrando um ensino de coisas realmente importantes. Na segunda tirinha, vemos o resultado dessa alfabetização mecanizada e da ausência de letramento crítico-social, Mafalda lamenta não conseguir ler o jornal pelo fato de aprender apenas frases funcionais, sem a reflexão e crítica sobre a sociedade e a política. Ela explana o seu desejo de entender o que acontece com Johnson e Fidel Castro, mas só conseguiria ler caso as frases estivessem iguais as aprendidas na escola. Constatando-se, assim, que apesar da escola de Mafalda oferecer a Alfabetização dos alunos, ela não oferece o Letramento devido. Se limitando a termos mecânicos e funcionais, sem formar sujeito críticos capazes de compreender o seu próprio contexto sócio-cultural. 

Por fim, espero que o material e as reflexões acima tenham contribuído para esclarecer a frequente confusão entre esses conceitos. Reconhecer essas diferenças fundamentais entre essas duas dimensões é crucial para uma compreensão mais abrangente dos seguintes conceitos que abordaremos acerca do Letramento. Até a próxima!


REFERÊNCIAS


TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e alfabetização, 8º ed., v.47, São Paulo, Cortez, 2006.


TIRINHAS DA MAFALDA: reflexões sobre Escola, ensino e alfabetização. Espaço Educar. (2012). Disponível em: <https://www.espacoeducar.net/2012/07/tirinhas-da-mafalda-reflexoes-sobre.html>.


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